Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Psicólogo (CRP 06/20610)
psicoterapeuta do - Instituto Paulista de Sexualidade
Organizado, em 15/11/2008, pelo médico Roberto Farias e a Psic. Fabiana Souza, na jovem cidade de Primavera do Leste, o evento teve a presença e participação 210 pessoas compreendendo profissionais de saúde, direito e educação, estudantes universitários destas áreas e representantes de órgãos públicos da cidade e região. Este evento de divulgação científica foi apoiado por vários grupos e instituições de importância no cenário nacional e do continente: Instituto Paulista de Sexualidade - InPaSex, GEPIPS - Grupo de Estudos e Pesquisas do InPaSex, revista Terapia Sexual, ABEIS - Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual, SBRASH - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, Sociedade Latinoamericana de Medicina Sexual, FLASSES - Federação Latinoamericana de Sociedade de Sexologia e Educação Sexual, Sociedade Matogrossense de Ginecologia e Obstetrícia e a Prefeitura de Primavera do Leste. A organização do evento obteve patrocínios de várias empresas locais que lhes facilitaram todo o caminho para a realização, incluindo a Câmara Municipal de Primavera do Leste, onde as atividades foram desenvolvidas.
Com a apresentação dos conceitos de saúde sexual e dos Direitos Sexuais propostos pela Associação Mundial para a Saúde Sexual, o Diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr., as discussões foram iniciadas. Os conceitos de Saúde Sexual e Direitos Sexuais forma feitos e cada dos Direitos Sexuais propostos pela Declaração desenvolvida pela Associação Mundial para a Saúde Sexual, desde 1997. Advogando a defesa do uso destes Direitos como esteio para o trabalho com a sexualidade nas várias áreas de atuações profissionais, incluindo os administradores públicos, em especial em ano eleitoral quando novos legisladores administradores municipais foram eleitos e tomarão posse de seus cargos em poucas semanas.
Dr. Roberto Farias mostrou a questão da adolescência e a sexualidade, diferenciando meninos e meninas, referindo as dificuldades e as novidades que adolescentes precisam apreender e desenvolver para tornarem-se adultos. Descrevendo as formas das expressões da sexualidade adolescente em nossa cultura, inclui a valorização das estruturas anatômicas e fisiológicas associadas ao corpo e à resposta sexual humana. Importante ponto foi a apresentação sobre quando o sexo não é prazer, apontando as condições sociais negativas para o exercício da sexualidade, e as situações mitificadas aprendidas por adolescentes que dificultam a vivência sexual saudável. Outro ponto importante foi mostrado pela discussão sobre gravidez na adolescência, com o aumento das gestações quando comparamos a atualidade com décadas anteriores. Reforça as questões a serem evitadas com a implantação da educação sexual afetiva.
Com a Dra. Vera Borges, ginecologista matogrossense, tivemos a discussão da sexualidade no climatério, apontando a necessidade de observar e compreender o processo de envelhecimento além das questões biológicas, com o desenvolvimento do ser além das situações aparentemente limitantes, produzindo mudanças, adaptações para a superação dos conceitos sexuais negativos ainda associados ao envelhecimento. Dra. Vera apontou p climatério, período critico de vida, como uma construção social, além das alterações físicas e emocionais. Mostra o climatério como uma ponte entre a vida reprodutiva e a velhice, com sinais biológicos de diminuição de fertilidade e menstruação e mudanças hormonais e genitais, que podem se iniciar aos 35 anos. "Com a famosa menopausa com o olhar triste", Dra Vera aponta como o hipoestrogenismo interfere com o bem estar e merece ser cuidado. Aponta que a busca da saúde sexual é pré-requisito de qualidade de vida de uma população. Esta asserção implica na necessidade de educação sexual para esta fase de vida, aceso a conhecimento e facilitação das adaptações necessárias para a sexualidade nesta fase de vida. A administração do cotidiano e dos sentimentos permitirá a facilitação da vida sexual.
A educação sexual nas diferentes fases de vida foi apresentada pela psic. Carla Zeglio, Diretora do Instituto Paulista de Sexualidade e coordenadora do CEPES - Curso de Especialização em Psicoterapia com enfoque na sexualidade. Utilizando técnicas cognitivas projetivas, a Psic. Carla conduz o envolvimento dos assistentes na discussão da educação sexual, e como esta pode ser feita além da passagem de informações sobre a sexualidade. Mobilizando a assistência através de técnicas de percepção corporal para desestressar e facilitar a percepção e absorção de conhecimentos e como a educação sexual assim será facilitada. A compreensão da discussão sobre educação sexual feita através do uso destas técnicas cognitivas pode ser apreendida em suas diferenciados sobre as várias fases de vida. Assim lembra a todos como as fases de vida são ciclos permeados de crises que precisam ser compreendidas para serem superadas.
A importância do trabalho do psicólogo no trabalho com a sexualidade foi o tema da conferência da Psic. Carla Zeglio, Diretora do Instituto Paulista de Sexualidade. A defesa de um preparo adequado dos profissionais de saúde nas questões da sexualidade foi apontada desde as falhas na formação acadêmica dos profissionais de saúde e a busca de inserção no trabalho com a sexualidade a partir das formações diferentes e não inerentes ao trabalho com pessoas e relacionamentos. A educação sexual de profissionais, o uso de literatura especializada, a participação em eventos profissionais em sexualidade se fazem necessários para o preparo profissional em prol do paciente ou educando com questões sexuais. Apsic. Carla Zeglio aponta que a idéia de sexólogos suscitam fantasias em pessoas que precisam de cuidados para sexualidade. Assim o preparo não deve ocorrer apenas nas questões cognitivas de informações. Aprender a conhecer e reconhecer limites pessoais que podem auxiliar a resolver e os que atrapalham o psicoterapeuta. Limitações também implica em reconhecer necessidade de encaminhar pacientes quando o problema, o paciente ou a forma de relacionamento não permitiriam ajudar estes pacientes.
A violência sexual foi o foco da apresentação da Psic. Fabiana Souza (MT), inicialmente lembrando que num primeiro momento é necessário alardear que as questões da violência sexual existem e devem estar nas proximidades sociais. O conceito de violência sexual nem sempre tem sido tão fácil de ser definido, e que contra crianças e adolescentes tem aparecido nas formas de abuso sexual (submissão de criança ou adolescente por adulto, que se impõe por força ou sedução, denotando relação de poder desigual).
As conseqüências físicas imediatas que permitem a identificação de abuso sexual em crianças e adolescentes: presença de DST, problemas de saúde sem causas aparentes, dificuldades de engolir, dor inchaço e lesões na área da vagina e ânus, roupas intimas rasgadas e manchadas com sangue, hímem rompido, pênis ou reto machucados, baixo controle de esfíncteres, sêmen na boca ou roupa, gravidez precoce e aborto, ganho ou perda de peso... Medo, pânico, desagrado por ser deixada sozinha com alguém, medos de escuro e lugares fechados, oscilações de humor, mal estar com mudanças corporais e confusão de idade, regressão a comportamentos infantis (choro, enurese, chupar os dedos), tristeza e depressão, falta de controle de comportamento e impulsos sexuais e comportamento autodestrutivo ou suicida. A masturbação compulsiva, a erotização dos comportamentos, aparências descuidadas, envolvimento com prostituição infanto-juvenil, crianças muito assíduas na escola, e sinais de sintomas de estresse pós traumáticos, isolamento social, falta de confiança nos relacionamentos interpessoais. A família apresenta sinais de abuso sexual, sendo comum o abuso de drogas legais ou ilícitas. Em longo prazo as conseqüências aparecem: engajamento na prostituição, dependência de drogas lícitas e ilícitas, supersexualização dos relacionamentos sexuais, dificuldades de ligações afetivas. Outra forma será a da exploração sexual de crianças e adolescentes: forma de escravidão sexual, e aparece na forma de prostituição, pornografia, trocas sexuais, turismo sexual, tráfico de crianças e adolescentes, trabalho sexual autônomo ou agenciado. A educação sexual deve ser a forma de prevenção de violência sexual. O tratamento psicológico de abusadores foi apontado como um dos parâmetros futuros de interrupção dos ciclos de produção de abusos e violências sexuais.
O Conselheiro Tutelar Daniel Sponchiado, finalizando o curso de Direito, apresentou as rotinas do Conselho Tutelar em situações de violência sexual. Partindo do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Conselheiro conta sobre a estatística de 16-33% de mulheres e de 13 a 16% de homens já sofreram abuso sexual. Em Primavera do Leste, de maio a outubro de 2008 ocorreram 14 casos de abuso sexual e 22 casos de prostituição. A atuação do Conselho Tutelar independe de outras providências legais, e ocorre mesmo que exista apenas a suspeita da ocorrência. Com uma denuncia, a averiguação direta é feita com encaminhamento à Delegacia de Policia e o exame de corpo de delito. A medida protetiva, o abrigamento, ocorre antes do encaminhamento ao Ministério Público, para o Lar Maria das Graças, onde poderá receber atendimento e acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais. O encaminhamento aos CREAS ou atendimento psicológico é feito imediatamente, que deverá ser legitimado judicialmente. A maioria dos casos de abusos sexuais ocorre dentro da família ou meios próximos, complicando quando o agressor é mantenedor do lar. Familiares muitas vezes coage a criança ou adolescente quando o agressor é o mantenedor da família, para evitar a perda da manutenção financeira da família. Daniel deixou uma mensagem que se relaciona a este tema: "Somos responsáveis pelo bem que deixamos de fazer".
A Promotora de Justiça Ana Cristina Ribeiro de Medeiros inicia falando em especial sobre a liberdade para exercer a sexualidade de forma plena e saudável, que se possa escolher o parceiro, o momento do relacionamento sexual. Explicitando como o Direito reconhece os crimes sexuais, descreve o estupro (contra a mulher com penetração vaginal) e o atentado violento ao pudor (relação sexual diversa da conjunção carnal - vaginal, sem a anuência do outro), explicando suas diferenças, e reforçando que nestes casos a vitima tem que resistir a estas investidas sexuais. Atos sexuais com adolescentes, implicam a presunção, mesmo que relativa, em estupro. Ainda existem as figuras de fraude como meio para obtenção da situação sexual, como um baile de máscaras. Atualmente se reconhece que o status de casada não implica em obrigação de submeter-se sexualmente. Também se consideram as questões de prostituição previstas no código penal: a liberdade do uso da sexualidade permite o uso do corpo para o ganho financeiro, mas o problema existe quando ocorre o favorecimento da prostituição a incitação da prostituição e a circunstancia do rufião, quando alguém ganha com a prostituição de outrem. As pessoas que pagam para obter sexo com criança e adolescente podem ser enquadrados criminalmente sob o pressuposto da criança ou adolescente ser limitado em seu desenvolvimento sexual normal. O promotor criminal é quem denuncia o abusador maior de idade, nos casos de ser o abusador menor de idade, o Promotor da Infância e Juventude será o responsável pela condução dos casos. Adolescentes que se oferecem à prostituição assim agem por desajustes afetivos com a mãe, uma busca de algo que não encontra em casa, confundindo sexo com afeto, pois não recebe isso em casa.
Na ocasião foram apresentados aos profissionais presentes os livros numa tarde de autógrafos com a presença de autoridades locais:
- Amor e Sexualidade - de Carla Zeglio e Oswaldo Rodrigues Jr. (Iglu, 2007);
- Vaginismo - de Fátima Protti e Oswaldo Rodrigues Jr. (Biblioteca 24x7, 2008);
- Sexo, amor e dinheiro - de Oswaldo Rodrigues Jr. (Biblioteca 24x7, 2008);
- Problemas Sexuais - de Oswaldo Rodrigues Jr. (Biblioteca 24x7, 2008);
As últimas apresentações referiram-se a disfunções sexuais femininas e masculinas, e o tratamento psicoterápico destes problemas tão comuns.
Dr. Fabiano Farias apresentou as dificuldades e queixas sexuais femininas já lembrando que os tratamentos de problemas sexuais especificamente é recente, da segunda metade do século XX, configurando, nas últimas décadas, a terapia sexual. Fazendo uma resenha histórica sobre a terapia sexual no Brasil, passa à discussão das disfunções sexuais femininas baseada na resposta sexual humana proposta pela psiq. Helen Singer Kaplan, na década de 1970. Apresentando os resultados de Abdo (2002) da distribuição de queixas sexuais femininas que perfizeram 50,09% das mulheres, inicia a definir e discutir estas queixas individualmente. A inibição do desejo sexual como queixa crescente em nosso meio, conduziu à apresentação da disfunção sexual geral, à anorgasmia, dispareunia e vaginismo.
A discussão sobre as disfunções sexuais masculinas foi apresentada pelo psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr. que discorreu sobre as muitas dificuldade sobre as pesquisas epidemiológicas que conduzem a números muitos diferenciados e que confundem aos profissionais que deles precisam. Definindo e conceituando cada dos problemas sexuais masculinos, refere os tratamentos e as como cada um deve ser conduzido. Disfunção erétil, ejaculação rápida, inibição ejaculatória, dispareunia, anorgasmia e parafilias foram definidas, prevalências apresentadas e como afetam a qualidade de vida a impedem a saúde sexual.
Finalizando a Jornada nesta cidade matogrossense, a psic. Carla Zeglio mostrou como a psicoterapia sexual atua e o quanto depende de outros aspectos, aparentemente não sexuais. Manobrando as questões conjugais, o relacionamento interpessoal, as necessidades e trocas emocionais, a formas variadas de estabelecimento de relações de casal, as dificuldades em administrar filhos e outras condições ambientais, a psicóloga apontou as dificuldades a serem transpostas na psicoterapia com enfoque na sexualidade, formulação utilizada no curso de especialização em sexualidade do Instituto Paulista de Sexualidade. Lembrou a psicóloga, que estes aspectos precisam estar na abordagem de cada paciente, além da aplicação de técnicas descritas em manuais de terapia sexual, a exemplo do livro organizado pelo InPaSex, publicado pela Summus: "Aprimorando a saúde sexual". As técnicas de terapia sexual são essenciais, mas a administração dos outros aspectos dos relacionamentos conjugais favorecerá o sucesso da psicoterapia, além da apreensão do controle sobre os aspectos ambientais que facilitam a existência dos problemas sexuais.
O encerramento da Jornada foi feita pelos organizadores de Primavera do Leste mostrando-se satisfeitos pela grande afluência de interessados da região, apontando que estes temas discutidos tinham grande importância para o bem estar social do ponto de vista das formações acadêmicas presentes: psicologia, medicina, serviço social, pedagogia e direito.
novembro 18, 2008
I Jornada de Sexualidade Humana de Primavera do Leste (MT) VI Jornada de Psicoterapia Sexual - InPaSex (SP)
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