maio 06, 2008

Direitos Humanos no Ensino de Psicologia

O Ensino de Psicologia para os Direitos Humanos será discutido numa série de debates on-line, com a participação de acadêmicos, psicólogos e destacados especialistas no tema. Os debates pretendem contribuir na incorporação da temática dos direitos humanos na formação das psicólogas e psicólogos e fortalecer o compromisso social assumido pela Psicologia como ciência e profissão. Além disso, buscará avançar na explicitação e no detalhamento dessa relação no que diz respeito à produção científica e às experiências desenvolvidas pelos psicólogos em organizações, movimentos sociais e nas instituições de ensino, procurando promover o encontro dos saberes e fazeres que incidam nas práticas de formação e na atuação ! em direção ao ensino de psicologia para os direitos humanos.

A promoção é da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – ABEP e do Conselho Federal de Psicologia, com o apoio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Entre as metas do projeto, além dos debates on-line, estão a realização de um Seminário Nacional sobre a Psicologia e a Educação em Direitos Humanos, uma Pesquisa sobre as Experiências e Produção Científica em Psicologia e Educação em Direitos Humanos e a publicação de um livro com as palestras proferidas nos eventos.
Em locais a serem posteriormente divulgados os Núcleos (ABEP) e Conselhos Regionais (CFP) organizarão Oficinas presenciais, que se estenderão por todo o dia. A programação deverá incluir no período da manhã o debate nacional on-line com transmissão ao vivo, e, na parte da tarde, debate presencial entre os participantes da Oficina.
Participe dos debates online:
07/08 - "Desenvolvimento da cultura de Direitos Humanos nos espaços educativos e os desafios para a Psicologia."

21/08 - "Educação para os Direitos Humanos e as contribuições da Psicologia: destaques regionais"

11/09 - "Formação nos cursos de Psicologia e o desenvolvimento da cultura de Direitos Humanos"

25/09 - "Desafios para a Psicologia no cenário das violações dos Direitos Humanos"
A partir de 5/8/08 confira a programação completa e utilize a ferramenta com informações e textos sobre a temática dos Direitos Humanos no site do CFP

A reinvenção da sexualidade masculina na paraplegia

No trabalho “A reinvenção da sexualidade masculina na paraplegia adquirida”, de Luiz Carlos Avelino da Silva, da Universidade Federal de Uberlândia, e Paulo Albertini, da Universidade de São Paulo, a sexualidade masculina é discutida a partir da condição de um homem com lesão medular. Seu objetivo foi investigar o impacto da paraplegia adquirida na sexualidade masculina. Metodologicamente adotou-se uma abordagem qualitativa e coletou-se a história de vida por meio de entrevistas. As principais conclusões apontam para um deslocamento das representações da masculinidade associadas à força, virilidade e violência, para um posicionamento interno e a busca de formas de viver a sexualidade que valorizam a singularidade da experiência, em detrimento dos modelos tradicionais.
Revista do Departamento de Psicologia. UFF – vol. 19 – nº 1 – Niterói 2007

Pobre país de Isabellas cadentes

Dioclécio Campos Júnior
Médico, professor titular da UnB e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria

Pátria da paz, lugar da convivência fraterna, território da harmonia, Brasil, um país de todos. Eis o sonho. Sociedade de preconceitos, nação de desiguais, reduto do hediondo, paraíso de monstros impunes, terra de bárbaros requintados. Eis a realidade. Por que tanta distância a separar o ideal do real? Por que o culto da morte a vencer o respeito pela vida?

Desespero e comoção alternam-se como sentimentos a abalar a alma dos brasileiros diante dos horrores da selva nacional. Medo, pânico e insegurança estampam-se no rosto das pessoas. Sobrecarregam as relações humanas. Os corações batem acelerados pelo terror, pulsam no ritmo caótico do estresse. Os olhares desconfiam. Os ouvidos aguçam a percepção. O pensamento já não é livre. As idéias não estão soltas. A terrível sensação de impotência deprime o espírito, afogando-o no amargo caudal da melancolia.

O Brasil das “fontes murmurantes onde eu mato minha sede e a lua vem brincar” só existe na aquarela já esmaecida pelo tempo. A violência secou as fontes e matou a lua. Derrama o sangue de qualquer um. Elimina vidas com medonha frieza.

De tanto se comover com inesgotáveis tragédias e crimes marcados por inaudita perversidade, o brasileiro experimenta a anestesia dos últimos nervos que ainda lhe restam à flor da pele. Já não reage. Quase não sente a modalidade emocional da dor. A indignação fica sufocada, não se manifesta. A violência prospera, a morte triunfa.

A brutalidade não respeita limites. Nem de gênero, nem de idade. Porém, não há nada mais vil, mais torpe do que o assassinato de uma criança. É o clímax da covardia, a síntese da crueldade abjeta, a vileza de uma insanidade imperdoável. Indefesa, a criatura é alvo de atrocidades ignominiosas. Tenra, não se defende. Frágil, não resiste. Ingênua, não imagina a maldade que a ameaça. A criança tem o choro legítimo, a lágrima pura, o sorriso verdadeiro da humanidade. Feri-la é lesar a vida nascente. Torturá-la é agredir o mais autêntico valor existencial. Matá-la é cometer um infamante crime contra a humanidade.

Infelizmente, o Brasil não é um país para crianças. Nada faz contra o extermínio da infância, que cresce assustadoramente nas estatísticas oficiais. As crianças desaparecem, são abusadas, exploradas, violentadas e mortas. Choram, ninguém as ouve. Gritam, são espancadas. Gemem, ninguém as ampara. Expiram, não se lamenta.

Não há um só dia em que não se destrua a vida de menores no país. Recém-nascidos, pré-escolares e escolares não são poupados pelo desatino da violência. Intradomiciliar ou não, pouco importa. Mudam apenas os agressores. O resultado é o mesmo. Vida encerrada, futuro enterrado.

A morte da pequena Isabella mergulha a sociedade nas profundezas do pavor. É das entranhas do corpo social que nascem bandidos e monstros. Não brotam do inferno nem surgem por geração espontânea. Não são de outro mundo. São brasileiros.

Lançada da janela de um edifício residencial, sabe Deus por quem, a cândida figura infantil virou cadáver no jardim do prédio. Mais uma existência precocemente banida da face da Terra. Mais uma terna flor impedida de desabrochar em solo irrigado pelo afeto, de abrir pétalas coloridas pelo afago de um canteiro acolhedor, de exalar o suave perfume da inocência pueril. Isabella não é a primeira criança cadente, atirada das alturas para espatifar-se no chão da maldade. São inúmeras.

As janelas da violência estão cada vez mais abertas no Brasil. Dão vazão à ilimitada criatividade mórbida dos torturadores e matadores de crianças. Desde abuso sexual de lactentes, prostituição de meninas, agressões físicas devastadoras de menores de idade, asfixia mortal, mutilações impiedosas de corpos ainda infantis, queimaduras e espancamentos repetidos, até a morte por abandono ou a vergonha do infanticídio. Lixo, lama, esgoto, terreno baldio, saco plástico, matagal, rios e lagoas são os berços onde muitos recém-nascidos condenados à vida cumprem a dolorosa sentença, quando a morte não os liberta.

Não adianta celebrar a redução da mortalidade infantil enquanto os menores sobreviventes continuarem a ser entregues à sanha dos monstros que produzimos e que andam soltos. Diz-se, para atenuar o sofrimento da perda, que as crianças não morrem, viram estrelas. Talvez por isso o Brasil tenha um céu tão estrelado. Mas, nem mesmo lá em cima, em nebulosas altitudes, nossas pequenas Isabellas estarão seguras. Há fantasmas que as empurram das alturas etéreas. Morrerão como Isabellas cadentes no céu da violência brasileira.

Em defesa da vida e contra a impunidade dos crimes homofóbicos

O Grupo de Resistência Asa Branca - GRAB, o Grupo Karatiú e os professores da FAEC - Faculdade de Educação de Crateús/UECE, com imenso pesar, vem por meio desta informar sobre o bárbaro assassinato do companheiro de luta do movimento GLBTT Luís Palhano Loiola, ocorrido no dia 1º de maio último. Encontrado na sua própria residência com 21 facadas, não restam dúvidas de que a morte brutal teve motivações relacionadas à orientação homossexual do professor doutor, tendo em vista que não foram encontrados indícios de arrombamento ou roubos significativos. Não podemos cruzar os braços diante de tamanha monstruosidade.

Desta forma, solicitamos urgentemente o apoio de todas as entidades governamentais, não-governamentais e da sociedade em geral para integrar este abaixo-assinado que se propõem a reivindicar das autoridades empenho para que tal crime seja devidamente investigado e os responsáveis punidos, a fim de evitar o desrespeito aos Direitos Humanos e a continuidade dos diversos crimes de natureza homofóbica que ocorrem no nosso país.

Na ocasião, informamos ainda a programação das homenagens a Luís Palhano, que ocorrerão no dia 07 de maio e contarão com a presença do assessor especial da Secretaria Especial de Direitos Humanos Ivair Alves Santos:

- Homenagem na sede do GRAB (Rua Teresa Cristina, 1050, Centro, Fortaleza-CE) , às 11 horas.

- Manifestação por justiça seguida de Missa de Sétimo na cidade de Crateús a partir das 17:00 horas.

Abaixo-assinado

Para assinar basta prencher os campos com nome completo e número do RG e clicar novamente em assinar.

maio 02, 2008

Cartões telefônicos no combate à exploração sexual

Cartões telefônicos vão ajudar no combate à exploração sexual de crianças

Da Agência Brasil
29 de Abril de 2008 - 13h27



Brasília - A partir de maio, três milhões de cartões telefônicos vão ajudar no combate à exploração sexual infantil no país. Por meio da mensagem Não Deixe que uma Criança Seja Marcada pela Violência, Disque 100, a campanha pretende incentivar os usuários do sistema de telefonia pública a denunciar abusos contra crianças.

A iniciativa, lançada hoje (29) em Brasília, é uma parceria entre o Centro de Excelência em Turismo (CET) da Universidade de Brasília (UnB), o Ministério do Turismo, a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares e a Brasil Telecom. Os cartões serão vendidos em toda região Centro-Oeste, Sul e também nos estados do Acre, Rondônia e Tocantins.

De acordo com a coordenadora do programa Turismo Sustentável e Infância (TS& I), do Ministério do Turismo, Elisabeth Bahia, a expectativa é de que em breve a campanha seja lançada em todo o país. De acordo com ela, o cartão vai ajudar a ampliar o número de denúncias recebidas pelo Disque 100.

Uma pesquisa realizada pela Brasil Telecom mostra que um cartão telefônico fica em média 20 dias com uma pessoa. Para a coordenadora do programa TS& I, isso foi um dos fatores determinantes para fazer a campanha nos cartões telefônicos.

“Vamos aumentar o nosso público-alvo. Vamos divulgar o Disque 100 para aqueles com quem geralmente não trabalhamos, que são os usuários de cartões telefônicos. Vamos atingir mais pessoas. A responsabilidade social está acontecendo”, disse a coordenadora.

Para a diretora do Centro de Referência da Criança e do Adolescente (Cecria), Neide Castanho, a medida é simples, porém eficaz. “Essa é um iniciativa muito parecida com a do soro caseiro. É tão fácil como eficiente. Uma mensagem explícita e compreensiva, que tenha um impacto estruturante, é capaz de mudar condutas. Violência contra criança eu não tolero, disco 100”, completou.

O Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual Contra Criança e Adolescente, conhecido como Disque 100, funciona desde 1997. É um serviço de discagem direta e gratuita, disponível para todos os estados brasileiros. De 2003 a novembro de 2007, mais de 49 mil denúncias foram registradas. Cerca de 28 mil, referentes à exploração e abusos sexuais contra crianças.

Menino, eu sou é homem, e como sou

Novas questões colocam em xeque a masculinidade contemporânea
Carlos Haag

Edição Impressa 137 - Julho 2007

Pesquisa FAPESP -

Segundo definição eminentemente científica de Luis Fernando Verissimo, homem que é homem (o chamado HQEH) só vê futebol na TV. Bebendo cerveja. E nada de cebolinhas em conserva! HQEH arrota e não pede desculpas. HQEH não deixa a mulher mostrar a bunda, nem no Carnaval. HQEH não mostra a sua bunda para ninguém. Só no vestiário, com outros homens, e assim mesmo, se olhar por mais de 30 segundos dá briga. Existe um HQEH dentro de cada brasileiro, sepultado sob camadas de civilização, de falsa sofisticação, de propaganda feminina e de acomodação. Se é fácil definir a masculinidade no humor, o HQEH é um “animal” de difícil apreensão pela ciência. “Afinal, o que é ser homem? Essa é uma pergunta de difícil resposta. Sabe-se ainda menos sobre a relação dos homens com a reprodução, sua ótica particular sobre a contracepção e os significados que atribuem à esfera reprodutiva. O fato é que os homens têm constado nas pesquisas de forma secundária, embora participem da concepção das crianças”, observa a antropóloga e doutora em demografia Sandra Garcia, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), autora do estudo recém-lançado Homens na intimidade: masculinidades contemporâneas (Holos Editora/FAPESP), baseado em sua tese de doutorado, apoiada pela FAPESP.

Disposta a incluir o HQEH nas investigações sobre demografia, Sandra foi a campo e entrevistou homens entre 25 e 55 anos, pertencentes às classes médias, para refletir sobre a identidade masculina e as mudanças nas relações de gênero. O resultado foi um misto de estereótipos do HQEH com o chamado “novo homem”. “Ser homem, segundo eles, engloba: ser heterossexual; dar grande importância ao trabalho e ao papel de provedor na identidade masculina; permanência da divisão sexual do trabalho doméstico para os da geração de 1960; manter a dupla moral sexual (“homem pode, mulher não!”). Ao mesmo tempo, há novos conceitos em cena: maior expressão da subjetividade, com possibilidade de demonstrar seus sentimentos para homens e mulheres; nova visão das dimensões do masculino e do feminino; reconhecimento da sexualidade e do prazer femininos; nova abordagem das funções paternas; e, para os da geração de 1970 e 80 em diante, uma nova postura sobre a divisão sexual do trabalho, ainda que com limites colocados pela herança social e mercado. “A identidade de gênero não é mais vista como fixa, embora sua mobilidade não necessariamente indique que a aquisição de novos valores desbanque os antigos. Ao contrário, as ambigüidades surgem justamente porque convivem juntas numa mesma subjetividade e, logo, causam conflitos que esses sujeitos tentam superar nas suas reflexões e práticas”, analisa a pesquisadora.

"Um poeta dizia que o menino é pai do homem”, pondera, com razão, Machado de Assis. “Para a maioria dos informantes, à exceção de alguns da geração de 1980, o modelo de conjugalidade a que estiveram expostos foi rigidamente marcado pelos lugares específicos de homens e mulheres: a mulher dona-de-casa e cuidadora da família e das relações entres seus membros e o homem-provedor, ausente da convivência íntima com os filhos”, nota Sandra. Isso confirma o estudo Homens, esses desconhecidos (também financiado pela FAPESP), coordenado por Maria Coleta de Oliveira, do Núcleo de Estudos da População (Nepo), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Os homens se ressentem da relação com os próprios pais, classificados como ausentes e autoritários, e vêem a paternidade como um fardo excessivo, à medida que exigem ser pais melhores do que aqueles que tiveram”, descreve a pesquisa.

Depoimento sem Dano, para quem?

In: Nipiac


Leila Maria Torraca de Brito

Devido, principalmente, às dificuldades enfrentadas para o desfecho de alguns processos judiciais que envolvem crianças e adolescentes que se supõem serem vítimas de abuso sexual, alguns profissionais do Direito vêm propondo a inquirição daqueles, por meio do chamado Depoimento sem Dano. A sugestão se dá a partir da alegação de que há situações para as quais não se têm testemunhas, sendo a palavra dos envolvidos – crianças e adolescentes – a principal prova possível de ser produzida. Além disso, alertam para o fato de que a insuficiência de provas nesses casos acarreta, conseqüentemente, baixo número de condenações. Justificam também que, nas audiências realizadas nas Varas da Infância e da Juventude e nas Varas de Família, o depoimento aconteceria em ambiente inapropriado para crianças e adolescentes, que podem ser solicitados a narrar, para diversas pessoas estranhas, fatos que lhes são constrangedores, situação que poderia lhes acarretar danos psíquicos. Da mesma forma, reconhecem que, no curso do processo, tal solicitação geralmente acontece mais de uma vez, revitimizando crianças e adolescentes. Como solução, acenam para a possibilidade de se colocar em prática o Depoimento sem Dano, indicando psicólogos e assistentes sociais como os profissionais que deveriam colher tal testemunho, na medida em que estes saberiam como formular perguntas às crianças e aos adolescentes. Nota-se assim que, mais uma vez, busca-se método objetivo, preciso, incontestável, seguro, para se colher um testemunho, prova que sustente a apuração do fato e posterior condenação do réu.

Concurso monográfico em Psicologia

Saiba maisPrêmio Monográfico Margarete de Paiva Simões Ferreira

Concurso monográfico em Psicologia promove Políticas Públicas e dá prêmios em dinheiro

Terminam no dia 15 de maio as inscrições para o Prêmio Monográfico Margarete de Paiva Simões Ferreira, realizado pelo
Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ).