outubro 21, 2009

O Psicótico e sua inclusão no humano

Palestra proferida em 16/09/2009 no I Simpósio Internacional sobre Manicômios Judiciários e Saúde


Autor: Gilberto Safra
Editora: Sobornost
Área(s): Psicologia / Psicanálise, Medicina / Saúde
Preço: R$ 29,00
livreto (4 pág.) + 1 DVD

Descrição:

Palestra proferida em 16/09/2009 no I Simpósio Internacional sobre Manicômios Judiciários e Saúde na Faculdade de Saúde Pública da USP
Duração: 45 minutos


Trecho inicial da palestra

Foi solicitado que eu falasse do psicótico e sua inclusão no humano. Vou explicar o título. Este título se refere ao fato de que muitas vezes, quando estamos em contato com pacientes psicóticos, vemos que eles trazem um tipo de experiência como se tivessem saído da experiência da relação com o outro ou outros. Alguns chegam mesmo a explicitar que vivem uma experiência como se não participassem da própria humanidade. Algo que podemos observar como uma experiência fundamental dos psicóticos é, com freqüência, a perda do sentido, do sentimento de pertencer. Pertencer a relações significativas, ao grupo humano, pertencer mesmo ao registro da humanidade.

Podemos observar, a partir das décadas de 50 e 60, no campo psicanalítico (por meio de diferentes investigações, não só realizadas no consultório mas em diferentes campos), o modo pelo qual ocorre a constituição do si mesmo, a constituição da experiência da unidade de si. E foi possível pouco a pouco descrever e explicitar angústias fundamentais que se pode reconhecer estando presentes nas organizações psicóticas. Angústias fundamentais que se pode reconhecer como angústias psicóticas. Algumas destas angústias são frequentemente denominadas angústias impensáveis.
São angústias vividas como não tendo contorno, possibilidade de simbolização, e estando aquém da possibilidade de articulá-las no espaço e no tempo.

Uma das características fundamentais das angustias psicóticas é que elas tem a característica de serem vividas como infinito insuportável. Essa experiência de infinito insuportável coloca freqüentemente a experiência de si e a humanidade de si em questão. Podemos então observar experiências em que a pessoa se sente dispersa em espaço infinito. Podemos observar situações em que pessoa se encontra aprisionada numa angústia sem tempo, isto é, numa angústia que acontece como se fosse eterna e como se não tivesse possibilidade de passagem, de travessia. Algumas vezes encontramos no dia a dia, na fala das pessoas, na vida cotidiana, alguma referência a esse tipo de experiência: por exemplo quando as pessoas, interagindo uma com as outras, mencionam ao estar resolvendo uma certa situação ou problemática, que começam a enxergar a luz no final do túnel. A angústia psicótica não tem luz no final do túnel. É vivida como algo determinado, eterno, sem passagem. Algumas características encontradas nestas angústias: experiência da pessoa de sentir que perde o contato com a realidade. Ela vive uma experiência na qual tudo parece irreal, inclusive, si mesmo. Podemos encontrar situações em que angústias acontecem com uma perda da experiência de estar conectado a um corpo. Alguns pacientes relatam situações em que se encontram como que no ar, sem ancoragem corporal, sem definição dada pelos limites do corpo, algo que é estudado sob o nome de despersonalização.


FONTE: Livraria Resposta

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