fevereiro 19, 2009

Projeto pesquisa surgimento de psicoses em jovens adultos

Louis Wain Juliana Maciel, especial para o USP Online


Pensamentos confusos, incomuns, desconfiança. Essas sensações podem ser sintomas de uma psicose. Mas quando que uma preocupação adolescente aparentemente rotineira passa a ser considerada uma doença? É esse limite que a Avaliação e Seguimento de Adolescentes e Adultos Jovens em São Paulo, ou Projeto ASAS, como é conhecido, tenta estabelecer. Este grupo de pesquisa do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) avalia pessoas entre 14 e 30 anos para tentar identificar quadros psicóticos assim que eles começam a se manifestar.

Psicoses são doenças difíceis de serem diagnosticadas. Entre o paciente apresentar os primeiros sintomas e ele chegar aos serviços de saúde há um intervalo de tempo de cerca de dois anos. "Mas nesse tempo a doença está lá, piorando", diz o professor Mário Louzã, responsável pelo projeto. A adolescência e o início da vida adulta são períodos de risco para o surgimento das psicoses, mas os sintomas podem acabar despercebidos em meio às mudanças físicas e psicológicas características desse momento. "Como os sintomas são vagos, a família tende a acreditar que se trata somente de uma fase", diz o pesquisador. O uso de drogas também pode desencadear um quadro psicótico.

Acredita-se que, como qualquer doença, a psicose é melhor tratada quando diagnosticada precocemente. "Ainda se tem certeza de muito pouca coisa nessa área", diz Louzã. Mas o certo é que a psicoterapia e os medicamentos podem impedir o desenvolvimento de quadros psicóticos graves, como a esquizofrenia. Aqueles que se enquadram no perfil (veja box), podem procurar a equipe do ASAS. O grupo faz um triagem e - se identificada a possibilidade de o paciente desenvolver uma psicose -, o encaminha para o tratamento adequado.

"Trata-se de um projeto de pesquisa, principalmente. Ainda temos poucas certezas sobre como esses distúrbios se desenvolvem. O acompanhamento de pacientes no estágio inicial pode fazer com que o desenvolvimento da doença seja evitado", explica o professor. O objetivo do projeto, a longo prazo, é desenvolver um centro de referência para quadros de risco de desenvolvimento de psicoses.

Quem pode participar?

Adolescentes e adultos com idades entre 14 e 30 anos, residentes na cidade de São Paulo e que - por pelo menos duas semanas - tenham experimentado algum dos seguintes sintomas:
- pensamento confuso ou atrapalhado;
- observação que as coisas ou pessoas parecem irreais;
- preocupação excessiva e desconfiança;
- idéias ou pensamentos incomuns, esquisitos;
- pensamentos que não saem da cabeça;
- necessidade de repetir comportamentos aparentemente sem sentido;
- experiências incomuns, como ver coisas ou ouvir vozes;
- isolamento da família e/ou dos amigos;
- dificuldade no desempenho escolar e/ou do trabalho.

Como participar?

Entre em contato com a equipe do projeto ASAS pelo telefone (11) 3083-2655 ou pelo e-mail asas.sp@terra.com.br

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