novembro 16, 2009

XV ENCONTRO NACIONAL DE ONG AIDS

FALA DE ABERTURA

Companheiros e Companheiras do Movimento Nacional de Luta Contra a Aids, autoridades e demais convidados aqui presentes, BOA NOITE.

É com muita emoção que, em nome da Comissão Organizadora do XV Encontro Nacional de ONG Aids, dou as BOAS VINDAS a todos e todas aqui presentes, nesse momento tão significativo para todos nós que é a Cerimônia de Abertura do XV ENONG.

Não podemos deixar de registrar que, com a nossa presença e participação, estamos dando continuidade a uma trajetória iniciada à exatamente 20 anos atrás quando, embalados pelo sonho e determinação de mobilizar a sociedade brasileira na luta contra o HIV/Aids , um grupo de ativistas, ainda engatinhando naquilo que mais tarde viria a se consolidar na resposta brasileira ao HIV/Aids, reuniram- se na cidade de Belo Horizonte/ MG, realizando a 1ª REUNIÃO DA REDE BRASILEIRA DE SOLIDARIEDADE, que pouco tempo depois se consagraria como ENCONTRO NACIONAL DE ONG/AIDS.

Ao longo desses anos muita coisa aconteceu. A nossa mobilização, inicialmente tímida, ganhou vulto, cresceu, agregou parceiros, ultrapassou fronteiras e ganhou o mundo. Novas demandas se apresentaram. De um momento para o outro fomos surpreendidos com o impacto que as co-infecções, como é o caso da tuberculose e das hepatites virais, tinha com a nossa luta. Novas frentes se abriram. Ao mesmo tempo, muitos de nós ficaram pelo caminho, cansados pelas noites mal dormidas, pelas batalhas inglórias, pela complexidade dos desafios sempre crescentes, ou, em muitos casos, vencidos pela inclemência do HIV, pelo descaso de autoridades sanitárias com a saúde pública, pela burocracia governamental, pelo estigma e preconceito, ou pressionados pelas rusgas internas do próprio movimento.

Os anos se passaram, as coisas mudaram, a vida mudou, a Aids mudou; e aqui estamos nós, qual Dom Quixote caçando moinhos de vento e acreditando no sonho, na utopia.

Para todos aqueles que viveram a experiência recente do último ENONG, realizado em 2007 na cidade de Goiânia, a decisão de sediar este Encontro ultrapassou os limites do sonho, chegou quase a um delírio. Os recursos, sempre escassos, diminuíram ainda mais. As expectativas, sempre superiores às nossas possibilidades, se superaram. Os conflitos de idéias e ideais, tônica da nossa condição de seres políticos, se aguçaram bastante. Enfim: assumir essa missão tornou-se questão de honra, principalmente diante de um contexto adverso onde CARTAS ANÔNIMAS e CARTAS ABERTAS, tendem a deixar de serem exceções para tornarem-se a regra, mascarando interesses que passam bem longe dos nossos objetivos e que em nada contribuem no fortalecimento do nosso papel social e na consolidação dos nossos LAÇOS.

Diante de tantos desafios e incertezas, chegamos até aqui convictos de que esse ENONG, não será o ENONG dos nossos sonhos. Tenham certeza que queríamos oferecer muito mais, muito além do que conseguimos produzir. Não temos a menor pretensão de estarmos isentos de falhas, pois sabemos que muitas falhas se apresentarão ao longo desses dias, mesmo que tenhamos nos empenhado arduamente para que elas não ocorressem. Muito se tem falado, ou escrito nas redes virtuais, de que esse modelo de mobilização se esgotou, de que a estrutura dos ENONG tem que ser mudada. Pode ser que isso seja verdade. Pode ser que este seja o último ENONG de uma Era. Pode ser. Mas também pode ser que este seja o primeiro ENONG de um novo ciclo. Quem sabe? Quem é o dono da verdade e tem essa resposta. Nós não sabemos. A única coisa que sabemos e podemos afirmar sem receio de errar, é que esse ENONG terá a nossa cara. A minha, a sua, a cara de cada um de nós que com maior ou menor dificuldade está aqui com o único objetivo de arregaçar as mangas, dar os braços, somar esforços e pegar no pesado, seguindo em frente.

Como consta no texto Ativismos e Movimentos, escrito por Carlos Duarte e Francisco Pedrosa, membros da comissão Política do ENONG 2009, para subsidiar nossos trabalhos, “... Nossas ações já tiveram um impacto muito maior na luta contra a epidemia de Aids e na qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids. Será que hoje ainda conseguimos impactar, de maneira tão efetiva? Temos esta avaliação? Algumas vezes, deixamos de ser exemplo e desconhecemos a nossa própria trajetória e a nossa história. É necessário nos revitalizarmos e nos reorientarmos, redefinirmos nossos caminhos, nossos sonhos, nossa esperança, nossa solidariedade, se quisermos continuar como sujeitos políticos fundamentais na história da luta contra a Aids.”

Termino essa fala formalizando nosso agradecimento aos parceiros e apoiadores que tornaram esse sonho uma possibilidade exeqüível, assim como aos membros da Comissão Política, por suas contribuições e aos Colaboradores e Voluntários. Da mesma forma, manifesto aqui nosso reconhecimento ao trabalho dos Fóruns de ONG Aids de Região Sudeste (RJ, SP, MG e ES), que compõem a Comissão Organizadora do XV ENONG, pelo empenho e dedicação demonstrados na construção desse Encontro

Senhores e senhoras, companheiros e companheiras, parceiros e parceiras. O desafio está feito. O XV Encontro Nacional de ONG/Aids está começando e agora cabe a nós decidirmos o caminho que queremos trilhar.

Uma excelente estada para todos aqui no Rio de Janeiro.

VIVA A VIDA!


Roberto Pereira
Coordenador do Centro de Educação Sexual - CEDUS
Membro da Comissão Organizadora do XV ENONG

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