Confira as três situações para fazer do brincar uma aprendizagem verdadeira e útil para a meninada da pré-escola
Pesquisa: Momento em que as crianças conhecem outras brincadeiras ou descobrem a história e as distintas formas de realizar as diversões de que já desfrutam.
É papel do educador agir como mediador, convidando todos à investigação. Aproveite a curiosidade dos pequenos e incentive-os na busca sobre a origem da brincadeira em questão, as questões culturais relacionadas a ela etc. Nesse processo, livros, vídeos, fotografias e sites são grandes aliados, mas também vale estender os horizontes com visitas a museus, parques e até à residência das crianças, onde familiares podem ajudar com as próprias experiências.
Durante a investigação, é importante realizar conversas constantes com a turma, questionando o que já foi encontrado, quais informações mais chamaram a atenção e também quais as relações entre a novidade e o que já se sabe.
A criançada da pré-escola da Escola de Educação Infantil Amuno, em Osasco, na Grande São Paulo, gosta muito das brincadeiras de correr, como pega-pega, mas sempre brincava seguindo as mesmas regras porque não conhecia outras variações possíveis. Cientes dessa realidade, que precisava ser transformada, a coordenadora pedagógica Sônia Souza e a educadora Gerlaine Araújo dos Santos planejaram situações de pesquisa com os familiares da turma a respeito dessas várias possibilidades para brincar. "Depois, incorporamos à atividade a consulta em livros, vídeos e sites e o grupo ficou entusiasmado com as descobertas", conta Gerlane. "O resultado foi um grupo com muitas expectativas para colocar as novidades em prática e ensiná-las aos amigos também" (assista ao vídeo Brincadeiras de correr na pré-escola).
- Experimentação Hora da vivência, do brincar propriamente dito, incorporando as novidades aprendidas com a pesquisa. Diante de novas regras ou novas maneiras de movimentar o corpo ou de falar, por exemplo, os pequenos são estimulados a comparar atentamente o que pesquisaram com a prática e também a perceber as dificuldades e as relações com outras brincadeiras conhecidas. É importante que isso seja feito em ocasiões próximas à atividade anterior para que o tema pesquisado não fique perdido e descontextualizado.
Nessa situação, você precisa proporcionar espaço e materiais - sem restringir as ações e a criatividade das crianças. O importante é garantir que todos tenham recursos para explorar. "É papel do educador observar se as referências pesquisadas foram incorporadas, ainda que de forma adaptada. Se a turma insistir em brincar com o que já conhece, por exemplo, vale remeter novamente à pesquisa, citar os pontos descobertos e convidar à experiência", diz Maria Aparecida Mello, da UFSCar (leia a atividade).
Pular corda em dupla, mudar o ritmo e até usar duas cordas ao mesmo tempo já faz parte das brincadeiras na AME Creche Casa do Aprender, em Osasco, na Grande São Paulo, graças ao planejamento da educadora Maria Aparecida de Moraes Muller, responsável pela pré-escola. "É muito interessante perceber que, durante a vivência, os pequenos nem sempre se contentam com as regras que já conhecem, somadas às que pesquisaram e inventam muitas outras mais", afirma.
- Sistematização: Situação na qual a criança registra aquilo que pesquisou e vivenciou, desenhando, participando de rodas de conversa ou elaborando textos coletivos tendo o educador como escriba, entre outras possibilidades.
É o momento de observar se todo o processo foi realmente compreendido, se é preciso retomar alguma situação ou ainda se é válido dar continuidade a mais pesquisas e vivências. É importante destacar que esse momento não pode ser considerado o foco principal do trabalho: a finalidade não é fazer um desenho depois, por exemplo. O que vale é compreender que as representações servem para formalizar o aprendizado.
Muito dedicados a brincar de jogar futebol, os pequenos do Núcleo de Educação da Infância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram convidados a elaborar um texto coletivo e ilustrar o material, revelando o que sabiam. "As produções mostraram que eles conheceiam muito sobre as posições dos jogadores no campo e as regras do jogo", conta a educadora Keila Barreto.
Nesse tipo de atividade, é fundamental combinar a especificidade da brincadeira com o tipo de representação proposto. Ou seja, a passagem de uma linguagem a outra. Desenhar como se pula amarelinha, por exemplo, não é a melhor maneira de demonstrar como, de fato, isso é feito. Essa linguagem não garante que o conteúdo seja bem explicado. "O desenho, nesse caso, tem apenas caráter estético - é somente um apoio gráfico -, que não necessariamente ajuda a criança a pensar e transmitir o que ela experimentou", observa Monique (leia a atividade).
Uma opção mais eficiente é pedir às crianças que ensinem aos colegas de outra turma o que aprenderam. Nesse momento, sim, o desenho pode ser útil. A elaboração de textos coletivos também requer cuidados. A atividade precisa ser bem dirigida. Perguntas do tipo "Como vocês brincaram?", "O que perceberam de diferente?" e "Alteraram alguma regra? Por quê?" servem para dar início às conversas e reunir informações para a produção.
FONTE: Nova Escola
novembro 11, 2010
Brincadeiras: pesquisa, experimentação e sistematização
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