(…) O que acontece com o homem é que ele tem a sua vida totalmente regulada pelas forças da razão. No nível científico, ele constitui as leis científicas; no sentido moral, ele constitui as leis dos deveres; e essas duas leis comandam a nossa vida. O que faz Abraão, por incrível que pareça, é uma tentativa de escapar, pela fé e pelo absurdo, das forças da lei. A tentativa de escapar do domínio da lei, a tentativa de escapar dos deveres, pela fé ou pelo absurdo ou, de uma maneira ainda mais drástica, pela loucura… eis a história do pensamento humano, registrada exatamente nestas duas leis, submetida à razão especulativa e à razão moral. (…) Bergson chama a vida de élan vital. A vida para ele é uma linha que entra na matéria e encontra uma resistência da matéria. Quando ela encontra esta resistência, ela bifurca, ela começa a fazer vários traçados. É este élan vital que eu estou chamando de Kunstwollen, ou Vontade de Arte. Kunstwollen não pertence ao sujeito psicológico, mas à própria vida. A vida traz com ela uma vontade de arte. O que estou dizendo é que a arte não é uma invenção humana, é uma invenção da vida. Ou seja, se você for estudar alguma coisa fora do campo antropológico, se você for estudar a vida dos animais, já nos animais você encontrará a arte. (…) Até mesmo no animal existe um corpo orgânico e um corpo não orgânico, inteiramente expressivo. Aula de 08/12/1994 – Élan vital, Kunstwollen, vontade de arte
0 comentários:
Postar um comentário